Imaginem como seria o céu noturno sem nuvens e sem estrelas. Imaginem o firmamento negro e lúgubre da noite impiedosa e solitária. Este é o cenário que me circunda.
Vou ao convés ao nada consigo enxergar. Não existe nada no céu acima de mim. Estranhamente não existem estrelas para me guiar no meu caminho, muito menos a lua para me dar alguma noção de direção. Sinto que estou a horas a deriva neste lugar e, incrivelmente, a alvorada não se avizinha.
É uma eterna madrugada fria e solitária. O único som que ouço é o das vagas indo de encontro ao casco da embarcação. De resto um silêncio só comparável com a solidão vivida ali.
Entro na cabine e busco as cartas de navegação...onde será que estava? Que lugar era esse onde não existe nada no céu e onde jamais amanhece? Como fui parar ali? Porque estava ali? Nada fazia sentido.
Lembrei-me de minha velha bússola e, com seu auxílio, resolvi aproar o barco para o oeste. Não que isso faria alguma diferença já que o ar estava imóvel.
Mas uma pergunta não saía de minha cabeça: como fui parar ali? Lembro de estar estudando minha rota na cabine com a ajuda das cartas e que, por algum motivo, acabei pegando no sono e quando acordei estava preso nesse lugar estéril, sombrio e solitário.
Dias se passaram...dias que viraram semanas... a vida se tornou insuportável a bordo do barco. Já cogitava em medidas extremas para por fim àquela vida preso naquele lugar. Até que, depois de muito auto-convencimento, resolvi amarrar uma corda no meu pescoço e depois no mastro do barco mas quando iria amarrar a corda em mim fui tomado por uma sensação de pavor que me deixou paralisado. Não tinha coragem para dar cabo de minha própria vida. Um instinto inexplicável de auto-preservação surgiu e me impediu que fizesse o pior.
Em desespero, comecei a berrar e em um impulso me atirei no mar em uma tentativa inútil de tentar me afogar nas calmas águas que circundavam o veleiro. Após inumeras tentativas resolvi permanecer na água agarrado a escada na parte de trás do casco. O tempo passava, a exaustão tomava conta do corpo já castigado até que minhas forças expiraram e nao pude mais me apoiar no barco.
Senti o mar me envolvendo pouco a pouco. As águas ficavam cada vez mais frias ao meu redor e tudo ficava cada vez mais escuro. Nunca pensei que era possivel um lugar tão escuro quanto aquele. Era como se uma enorme sombra se materializasse e tomasse posse do meu corpo. Antes que pudesse imaginar tudo estava acabado. O fim tinha finalmente me encontrado.
5 comments:
Perdido no mar, sem saber quem é e como chegou? Quase o Bourne você. =p
Brincando.
Vejo que Caliban persiste. Tente não ouvi-lo. Os Calibans geralmente te levam a pensar coisas mentirosas sobre você mesmo e, quando você percebe, está a ponto de fazer algo muito idiota mesmo.
Usarei uma metáfora agora pra dizer o que sempre te digo: estrela, constelações, lua, bússolas, enfim, o que te guiará irá aparecer um dia; tente não se preocupar tanto.
Pensar nisso e desse jeito só fazem você se sentir pior, a merda das merdas e isso nunca é legal. Não é verdade.
Beijo, menino Bernardo!
Concordo com tudo que a Bia aí em cima falou. Estamos aí se precisar.
Que triste...
Daí no próximo post vc acorda do pesadelo e tudo volta às boas?
Gosto demais do seu personagem, do seu blog pra vc deixar morrer assim.
Mais um voto para pensamentos positivos e saltitantes. O/
[Com certeza devem me achar ridicularmente feliz e criança. E...?!]
=P
Beijo!!!
Tem horas que sorrir faz mal. Deixe o barco te levar de acordo com a maré de seus pensamentos. Assim será menos dolorosa e questionável a despedida.
Bjos, minha querida!
eu tinha tentado comentar aqui outro dia e não consegui
vamos ver se agora vai
afinal não sei se voc~e morreu ou não. então preciso pelo menos dar um tchau pro blog e esperar que surja alguém novo pra orientar minhas futuras viagens...
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