Quatro da manhã. Meus olhos se abrem. Sobre mim, o teto branco observa. Não consigo enxergar muito bem, meus óculos estão sobre a mesa na cabeceira. Tateando sobre ela os encontro e posiciono no meu rosto. A vida lá fora está imóvel, hibernando até a alvorada que se avizinha.
Ao acordar senti um vazio rasgando o espírito. Meu primeiro reflexo foi o de ir a janela e observar as estrelas buscando conforto em sua beleza distante. Distantes, belas mas incrivelmente frias. Elas estavam ali, como velas acesas no firmamento tentando, de certa forma, me mostrar o caminho...
Que caminho você deve estar se perguntando? O caminho para encontrar a única estrela no céu que pode acender o coração. Mas existe um número quase infinito de pontos brilhantes no céu, como descobrir este único que não é como os outros?
Essa pergunta me assombra faz algum tempo e não faço idéia de como respondê-la. Não faço idéia de como interpretar essa indicação e encontrar minha estrela na imensidão. Me assusta também outro questionamento: quais as chances de encontrar uma estrela em um universo quase que infinito e sabendo que não tenho a capacidade de enxergar todas as luzes celestes?
Fui invadido por uma sensação de tontura, como seu o chão sob meus pés tivesse desaparecido assim como as esperanças em encontrá-la. Uma sensação horrível se sucedeu. A sensação de estar condenado em uma busca eterna e infrutífera que iria me consumir plenamente.
O vento chacoalha as árvores, o pensamento é interrompido. No horizonte a alvorada se avizinha. Com o apagar das luzes eu resolvi me recolher novamente, vencido pelo cansaço e por uma sensação de estar sem norte.
Um pássaro canta sozinho ao longe sob os primeiros raios de sol do dia, uma lágrima escorre, os olhos se fecham.
And mid-time of night;
And stars, in their orbits,
Shone pale, thro' the light
Of the brighter, cold moon,
'Mid planets her slaves,
Herself in the Heavens,
Her beam on the waves.
I gazed awhile
On her cold smile;
Too cold—too cold for me—
There pass'd, as a shroud,
A fleecy cloud,
And I turned away to thee,
Proud Evening Star,
In thy glory afar,
And dearer thy beam shall be;
For joy to my heart
Is the proud part
Thou bearest in Heaven at night,
And more I admire
Thy distant fire,
Than that colder, lowly light.
"Evening Star" - Edgar Allan Poe (1827)
9 comments:
Realmente não sei o que dizer. Acho que não existe apenas uma estrela. Acho que existirão várias na vida. Agora, quando e onde, eu não sei dizer. Eu vou pela filosofia do "Ame seu destino".
Anyway. Qualquer coisa, estamos aí.
realmente esse negócio complicado
acho que alguns acham com mais facilidade
outros precisam de muito tempo pra encontrar a verdadeira
p.s: o churrasco tava vazio, mas tem umas histórias...
Eu admiro a sua sensibilidade. É preciso ser muito corajoso e, principalmente, muito 'macho' para admitir seus medos, sua humanidade. Ainda acho que o caminho é o contrário. Você é muito evoluído em vários aspectos e se superou muito desde que eu o conheci. No início, eu sentia uma certa ingenuidade em suas palavras, em sua maneira de enxergar a vida, como se ainda faltasse algo para que o completasse. Aos poucos, fui conhecendo você e acompanhando sua evolução. Você é um amigo incrível e um homem magnífico, que cresceu muito e foi milimetricamente lapidado até chegar aonde se encontra. Agora, não penso mais que seja uma questão de você se adaptar. Você já me provou que o pode. Acho que o que você precisa não é encontrar sua estrela. Enquanto você a procura, talvez se deixe cegar por brilhos temporários e flashs. De coração, eu acredito que ela é que virá a você, justamente porque você evoluiu muito, demais até se comparado com nós, meros mortais.
Não sei quais história o Luiz está se referindo. hehe
Quando descobrir como em um número quase infinito de pontos brilhantes no céu,descobrir qual é a sua estrela, me conte pq eu tb estou tentando encontrar a minha!
Então, quer dizer que você evoluiu, que nem um pokémon?
Se ainda estivesse na eletrônica, teria digivolvido? Hahaha...
E eu não entendi muito bem essa história da busca pela estrela... É para você descobrir qual cavaleiro do zodíaco você é? Hehehe...
Ou poderia ser algum tipo de "fetiche Peter Pan", ou "trekker"? Hahaha...
Um abraço, e Cólera do Dragão!
Falei que viria, não falei?
Eu gostei do texto, apesar do tom melancólico/metafórico.
As vezes, você procura, procura e distraído pode não perceber uma estrela cadente aparecendo...
[ficou bonito isso]
Beijo, B.
inté segunda!
Acredito que muitas vezes cometemos o erro de querer o que não está ao nosso alcance, o que ainda virá ao nosso encontro. Acredito no que já falaram, de que "a estrela virá até vc". Deixa estar, que o futuro e tudo o que ele reserva um dia chega. Viver o presente ao máximo é a forma mais certa de alcançar sem perceber todos aqueles sonhos.
Particularmente, tenho grande simpatia pelo clássico "Os cometas passam e as estrelas ficam", de Clarice Lispector. É bom pensar nelas, as estrelas, sob essa concepção. Assim dá pra ver que estamos cercados por várias delas.
Beeijo!
Ps: Edgard Allan Poe é o Cara.
Adorei o meu link no "Aren't ecoblogs but are also cool", mas como mudei o endere�o do meu blog, clicando nele n�o consigo ver minha p�gina... :(
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