December 14, 2007

Estrada para a perdição

Aeroporto de Congonhas, zona sul de São Paulo, em um assento próximo ao portão 6 de embarque. Depois de quase 1h e meia de atraso o vôo é chamado:

"Atenção senhores passageiros do vôo Varig 2445 com destino ao Rio de Janeiro, aeroporto Santos Dumont, favor procederem ao portão 6 para o embarque imediato."

Era a minha chamada. Esperei um pouco sentado já que sempre existe uma pequena demora a embarcar e o posicionamento na fila era irrelevante já que meu lugar era marcado mesmo. Mas isso parece que não entra na cabeça das pessoas. A mentalidade brasileira de amar filas sempre fala mais alto. Já tinha gente na frente do portão formando fila desde muito tempo antes da chamada...ninguém merece!

Quando a fila começou a andar, me levantei e fui para o final dela. Logo embarquei (não irei dar grandes detelhes sobre coisas como prefixo de aeronave e afins já que isso não interessa a vocês, caros leitores) e após um cumprimento-padrão do chefe de cabine, me dirigi ao meu assento: 17A, na janela naturalmente.

Após o embarque encerrado, desliguei meu celular e aguardei a partida. Depois de 15 minutos de demora devido ao "tráfego aéreo" (desculpa padrão das empresas aéreas ultimamente, como não tenho como comprovar coloquei as aspas), iniciamos o taxi para a pista.

Minutos depois estávemos na cabeceira.

"Tripulação, preparar para a decolagem"

Foi a deixa para os motores da aeronave darem sinal de vida e começarem a berrar. Ganhamos velocidade e prontamente nos descolamos do solo. Adeus São Paulo, até breve.

Após a decolagem uma ligeira turbulência até o nivel de cruzeiro onde foi feito o serviço de bordo: acima da média para a ponte aérea nesses tempos bicudos, by the way.

Minutos depois o comandante anuncia: "Senhores passageiros, devido às más condições meteorológicas no Rio de Janeiro, estamos efetuando uma órbita de espera. Quando o tempo melhorar iniciaremos a aproximação."

Realmente a coisa estava feia lá embaixo. Aeroporto fechado e tudo mais. Comecei a me preparar psicologicamente para o pouso no Galeão, como já fiz mil vezes mas que não era o plano daquele dia.

"Senhores passageiros, as condições meteorológicas sobre o Aeroporto Santos Dumont melhoraram um pouco, sendo assim iniciaremos a aproximação a este aeroporto.", anunciou o comandante.

Pensei que fosse o fim dos problemas mas na verdade a montanha-russa estava apenas começando. Ao entrarmos na camada de nuvens, fomos recebidos por vários raios que iluminavam a noite la fora como se fosse dia. Ventava impiedosamente e com bastante violencia. Uma chuva torrencial lavava a janela e a única coisa que se via lá fora era a asa do avião e um clarão a cada raio que passava. A turbulência não perdoava. Jogava o avião de um lado para o outro como se fosse de brinquedo.

Dentro da cabine um silêncio sepulcral. Podia-se ouvir uma agulha caindo no chão se não fosse o rugido dos motores. A tripulação estava recolhida aos seus lugares, devido ao procedimento de pouso.

De repente ouço um barulho: o comandante desceu os flaps ao máximo, ou seja, precisaremos para o avião rapidamente, ou seja: as coisas não estão fáceis no Rio.

Ao passar as nuvens finalmente avisto a cidade. Uma visão que nunca me enjoa, impressionante como somos pequenos de lá de cima.

Aproximando no Santos Dumont, alinhamos à pista para o pouso. Aos que não conhecem, a aproximação final do Santos Dumont é feita sobre a água. E quando estavamos sobre a ponte Rio-Niterói o avião começou a balançar violentamente. Cada vez o chão estava mais perto e cada vez mais o avião balançava. Com a tempestade e os raios caindo criou-se um cenário de filme.

Quando finalmente avistei a cabeceira da pista o comandante arremessou a aeronave no solo a iniciou os procedimentos de frenagem (autobrakes + reverso) mas devido às condições meteorológicas e a uma nova diretriz da Varig, os freios foram utilizados à carga plena. O avião perdia velocidade mas tinha ciência de como a pista é curta. Só me tranquilizei totalmente depois que o reverso foi fechado: no último quarto da pista. Após o pouso o comandante foi aplaudido por todos, o que seria um ato meio brega mas naquelas condições foi plenamente justificado. Percebia-se o alívio nos rostos da tripulação, inclusive. Não foi um pouso fácil.

Ao chegar no saguão do aeroporto, consultei o painel de chegadas. Os vôos da TAM e de Gol que decolaram logo antes e depois de mim de São Paulo acabaram por pousar no Galeão. Foi um misto de sorte e de perícia do comandante eu estar ali no Santos Dumont.

4 comments:

Bia Seilhe said...

Menino! Que volta triunfal essa sua, hein? Eu teria tido um troço dentro do avião quando ele começasse a sacudir... Primeiro: nunca andei de avião. Segundo: a pessoa aqui é claustrofóbica, então....

Praticamente coisa de cinema...

E algumas fotos da MFUB estão no meu álbum. Outras não podem ser tornadas públicas para não denegrir imagens alheias. Foram situações ocorridas que iriam enlouquecer a sua mente ilustrativa! XD

Agora que isso aqui já tá extenso demais, vou-me. Beijo!!!

Luiz Fernando said...

é realmente vc se ferrou mais com o tempo do que eu
mas também quer andar de avião no brasil...

mas pelo menos vc não está vermelho e ardido por causa da praia

e pôde mais uma vez visitar o seu segundo lar

Jiroumaru said...

No final todo mundo no avião tinha que ter chutado a poltrona da frente e ter gritado: THIS IS SPARTA!!!

Anonymous said...

aí, medo!!!!
se de dentro do avião eu começo a ver raios do lado de fora, nem sei o que eu faço! Acho que saio rezando igual uma doida! hihihi

Bjsss! E que bom que você está de volta, vivo! =P