November 21, 2008

Shuffle

Engraçado como arrumar o armário nos remete a algumas situações que tinhamos, aparentemente, apagado da cabeça.

Hoje, depois de quase ser soterrado por uma avalanche de papel, eu resolvi tomar vergonha na cara e arrumar o meu armário ou pelo menos deixa-lo de um jeito que não arrisque a vida de quem tentar abri-lo. O plano era separar o lixo e jogar fora (na última vez que fiz isso eu joguei fora o equivalente ao meu peso em papel...e não é exagero) o que era inútil e arrumar o resto.

Muito bem. Comecei a ver os papéis. O que serve e o que não serve? Achei de tudo: de trabalhos do primeiro período até uma nota fiscal de uma casa de câmbio em Roma. Literalmente tinha de tudo no armário. Mas, o processo seletivo não foi tão lógico quanto parece.

Me utilizando do exemplo acima, o que vocês acham que eu descartei? Bingo! O trabalho do primeiro período da ECO. Porque? Porque quando peguei a notinha, aquele pedaço de papel já todo ferrado me vi novamente nas cercanias do Vaticano buscando desesperadamente uma casa de câmbio porque na Itália dólares americanos não servem de muita coisa. Me veio a cabeça a imagem de um lindo sábado de sol no inverno romano com as ruas cheias de gente barulhenta (afinal, estamos na Itália) e de carros fazendo mais barulho ainda com suas estridentes buzinas.

O que o trabalho da ECO me lembra? Um maldito corolário de aulas que não serviram de nada que me entediavam até os limites da consciência humana e acima de tudo: simbolizava o fim do começo de uma transição que ainda está em andamento. Mudança essa que não terminou e não sei como vai acabar. Se vai dar certo ou não. Quem sabe, num futuro próximo, eu não guarde os trabalhos da ECO graças a boas lembranças de uma fase feliz da vida.

Mas, no momento, esta fase não merece ficar pra posteridade e vai pro lixo. No final, joguei muito pouca coisa fora, a maioria delas trabalhos antigos de épocas inglórias da vida. As boas lembranças ficaram, e agora estão todas em um mesmo lugar reservado só pra elas. Como se fosse um "memory bag" onde tudo aquilo que me remete a boas lembranças está guardado.

Mas nem tudo está salvo: existem coisas que, devido a atos extremos de raiva, foram destruídas. Não estou sendo metafórico, "destruídas" é a palavra que melhor qualifica o que fiz com elas. Mas o seu extermínio teve a sua finalidade: let it go. Porque estas lembranças boas, em especial, traziam consigo uma faceta amarga.

Hoje, descartei algumas lembranças e mantive outras. Joguei muita coisa fora mas foi pouco. Em breve chegará o dia em que jogarei pouca coisa fora e será muito.

2 comments:

Cesar said...

Isso me lembra a música cleaning out my closet, do Eminem. Tá, eu sei, ele é um merda, mas anyway...

Limpar o armário é uó até o momento que você termina e tudo fica bunitinho e limpinho, aí é uma puta sensação de vitória e alívio que faz o trabalho escruciante valer a pena. Eu não nasci para ser Maria. Odeio limpar qualquer coisa, lavar ou enxugar louça, varrer, fazer cama... Argh... Quero uma escrava pra mim. De preferência com a cara e o corpo da Megan Fox.

Lila Yuki said...

Engraçado...
Em Saint Joseph of Fields, arrumar armário era uma terapia anti-stress.
Agora... Quando eu colei grau, imagina a alegria de jogar todas as coisas da UFRJ no lixo... (Ok, eu esperei o diploma pra rasgar os documentos :p~)

Beijos