February 02, 2009

Seeds of utopia

Engraçado como são as coisas né? O nadador olímpico e multi-destruidor de recordes Michael "Waterworld" Phelps foi pego fumando maconha. Houve uma grande comoção nos EUA quanto a isso que culminou em um pedido oficial de desculpas por parte do atleta.

Isto, como diriam os próprios americanos, se trata de uma situação "nerve wracking". Acompanhem meu raciocínio: o sujeito não deve ter vida alguma. Deve ser obrigado a treinar 30 horas por dia, 10 dias por semana num tanque de água para que possa baixar seu tempo nos 217 metros com um pé só cantando músicas do AC/DC em 0,000001 segundo. Ok, é o trabalho dele. O Sr Phelps vive, e muito bem disso, mas se ele em um momento de saco cheio quiser fumar um wonder-joint que seja, quem somos nós pra "point fingers"?

Especialmente se este "nós" é a sociedade americana que vive em um país que possui a maior e mais poderosa indústria pornográfica do mundo, que movimenta mais que o PIB de alguns países. Tão grande que, segundo a imprensa local, está solicitando um pacote bilionário de ajuda ao Congresso dos EUA para que a indústria não quebre. Detalhe: até agora quem fez isso foram agremiações do porte de GM, Ford, Citigroup, AIG e outros grêmios empresariais.

Além da sacanagem, literalmente, os EUA possuem a indústria bélica mais vultosa com um "PIB" (aspas devido ao mau uso da sigla) trilionário. Eu disse TRI-lionário. As indústrias de armas americanas, além de venderem pro DoD (Department of Defence) americano, despejam sua produção nos quatro cantos do globo. E o dano que este material faz é muito maior que qualquer baseado que um atleta de vinte e poucos anos pode fazer com seu baseado.

Não julgo a atitude do Phelps. Certo ou errado neste caso simplesmente não vem ao caso porque a vida é dele e o corpo é dele, então quem somos "nós" prá recriminá-lo? Os jovens americanos precisam de heróis? Quem sabe é bom que eles saibam que heróis, por mais perfeitos que possam parecer, são seres humanos que por natureza são imperfeitos...como cada um de nós.

Sou um pessoa que não possui um grande ídolo no qual eu tento espelhar minha vida, possuo sim um número restritíssimo de pessoas que admiro e, sinceramente, não creio que a possibilidade de algum ter fumado maconha vá fazê-la menos "digna de minha admiração".

Acho uma pena que, especialmente na "nação mais poderosa do mundo", tenhamos jovens que precisam de figuras tão "perfeitas" que lhes dêem a noção do que é certo e errado. Que precisem de super-homens para que possam elas ganharem discernimento. É uma pena pois mostra que cada vez mais os pais, que a meu ver deveriam ser os primeiros heróis de uma criança, estão faltando com uma das lições mais básicas que têm que ser dadas a um jovem.

Enfim, isto aqui não é um compêndio de pedagogia, muito menos quero tentar catequisar alguém com o que penso. Não pretendo recriminar ninguém, não cabe a mim julgar como as pessoas educam seus filhos afinal, como devem estar pensando os contrariados pelo texto, eu (ainda) não os tenho.

E no tocante a hipocrisia já notória da sociedade estadunidense, é duro que o cara que representou o país mundo afora sendo um vencedor (coisa que os americanos simplesmente idolatram) não esteja imune a toda essa babaquice que emana de determinadas pessoas do lugar que se auto-denomina "land of the free".


3 comments:

Jiroumaru said...

Justamente pelo fato dele ser um herói é que ele é mais alvejado.
Nem precisamos discutir o falso moralismo dos ianques até mesmo porque temos disso aqui também. Aposto que muita gente puxou um baseado depois de ver Tropa de Elite.

ghfdc said...

Maconheiro e nadador? Será que ele vê Snorks em vez de Smurfs quando fica doidão?

Um abraço!

Cesar said...

Assino embaixo de tudo o que falastes. Hipocrisia e falso moralismo é escroto mesmo.